← Voltar Publicado em

Costuras e correntezas

As palavras fluem, como correnteza, acorrentadas umas às outras por laços de sentido. Onde a palavra não flui, aperta. Onde o que pulsa não escoe, dói. E por mais que, de antemão, consigamos nomear o que aperta e o que dói, costumamos nos deparar com uma porção bem importante de desconhecimento. Já dizia Freud: o Eu não é senhor na própria morada.

Como uma colcha de retalhos costurados artesanalmente, a psicoterapia é esse espaço de cuidado em que o escoamento da palavra é como o corrimento de uma linha de costura que procura fazer sua constelação de pontos. Para cada pessoa, a costura é própria, mediada pelo seu tempo e desejo.

Nossas palavras carregam muito mais do que costumeiramente percebemos. O modo como falamos, como sonhamos, desejamos e sofremos tem nossa assinatura por todos os cantos.

_______________________________

Gabriel Bloedow da Silveira | CRP 07/40683